O material promocional que acompanha o álbum Sentenced To Living, diz que os fãs vão querer colocar o Rio de Janeiro na lista das cidades que são os maiores berços do blues. Obrigado pelo trabalho do Big Gilson. E com seu ultimo álbum,o guitarrista brasileiro com certeza prova que sua cidade natal esta produzindo blues de qualidade.
Desde a primeira nota, fica evidente que este é um CD de guitarra. A abertura com “I Wonder Who”, um blues de oito minutos de duração, pontuado pelo bateristaGil Eduardo como uma marcha shuffle de dezesseis notas, diz tudo sobre as habilidades de Gilson. É seguida pela faixa titulo, que relembra bastante o estilo antigo de pirotecnias da guitarra de Gary Moore.
Gilson se sintoniza com os Stones em “Ready”, um rock`n roll remanescente de Jagger e Richards em sua melhor forma, e em “It`s Hard To Say Goodbye”, a bonita acústica downtempo, remanescente de “Wild Horses” e “Angie”. “Tobacco Road”ficou especialmente interessante pelas harmonias vocais que Gilson divide com Andre Bighinzoli, para não falar do inenarrável zumbido do amplificador de guitarra.
A leitura de Gilson para “Take Me To The River”, nos traz um profundo groove funky e um tremendo “New York downtown solo” de Chris Murphy, mas sofre com um vocal não convincente. A banda se retira para a gaita pesada, a guitarra silvante, uma locomotiva desgovernada na instrumental “Silver Train”, que conta com o sopro selvagem de Jefferson Goncalves. O set de 11 musicas fecha com uma acachapante cover dos Beatles na sua forma mais “trashiest” e luxuriosa, “Yer Blues”.
Pode demorar ainda alguns anos ate que o Rio de Janeiro fique num ranking lado a lado com Clarcksdale e Memphis, mas Gilson tem feito a sua parte, criando um excelente álbum - bem produzido, excepcionalmente bem arranjado e divertido.
Michael Verity – BLUES REVUE – 2010.
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